Papel me encanta!
Adoro trabalhar com papel, rabiscar, escrever, dobrar, fazer origamis, tramados, trançados em folhas de diferentes gramaturas.
Sentir a textura do papel é uma experiência sensorial e pensar como ele foi feito faz o fascínio aumentar!
Meu pai, quando adolescente, trabalhou em uma fábrica de papel em Telêmaco Borba e contava como era feito. Para mim um mistério incrível, quase impossível ser originário da madeira.
A série Saimdang tem como pano de fundo o fabrico do papel na Coreia e talvez por isso amei cada episódio...
Desenhar em um papel nunca rabiscado é uma tarefa aguardada com ansiedade, no caminho da papelaria até em casa.
Tenho em casa uma parte de um armário reservado a meus tesouros em papel, colorido, pardo, estampado, artesanal, reciclado...
O tempo passa sem sentir quando me envolvo em recortes, pinturas, desenhos, adoro criar e experimentar estampas.
Hoje acordei com uma lembrança muito viva em minha memória:
- eu, com 3 anos, fiquei com meus avós enquanto meus pais e irmão foram ao Paraná, em viagem de férias.
E, em uma tarde em que eu chorava sem consolo, nem minha tia com suas histórias criativas conseguiu minha atenção e desistiu. Passou a tarefa para minha avó. Ela então, me colocou no berço e começou a dizer que iria "quebrar" um papel!
Me mostrou um pequeno pedaço de papel e foi dobrando na mão. Dobrava, conversava, vincava bem com a unha, para um lado, para o outro e relatava tudo estava fazendo.
Durante a mágica, que ia acontecendo diante dos meus olhos lacrimejados, fui aos poucos parando de soluçar, me acalmando. Minha atenção máxima era com o que aconteceria com aquele pequeno pedaço de papel!
No auge da magia, minha avó separou os pedaços de papel sem rasgar, apenas "quebrando", quase num "click"!
Neste momento meu estado era de puro encantamento! Não lembrava mais do Paraná e tudo que eu pensava era na magia que minha avó conseguira fazer e ainda me contou o segredo, passo a passo!
Acho que nesse momento, enquanto lembrava da magia de minha vó, aquele sorriso, de quando eu tinha três anos, iluminou meu rosto, superando qualquer dor ou saudade...
Entendi, então, meu fascínio por esse material mágico: o papel!
Eliana Valença
(03/12/21)