quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Padre Felício, 514


Padre Felício, 514... uma das primeiras referências na nova cidade, vindos de Bagé, a família inteira cheia de esperanças, sonhos e uma estrada pela frente.
E a casa da Dinda e Dindo foi abrigando histórias, muitas costuras fazendo a moda, muito artesanato em lã, tricô e crochê. E momentos inesquecíveis vivemos ali e lágrimas de saudade derramamos quando eles, os avós (para nós sinônimo de dindos)se foram...
E ali virou a casa da tia e algum tempo depois, das tias. Mais histórias, muito embelezamento feminino, unhas impecáveis... e  a família crescendo, se desdobrando: filhos, netos, bisnetos...
E todos tem um pedacinho de suas vidas contados nas paredes daquela casa.
Depois foi a vez da alegria e meninice do  amado  “veinho” nos deixar... e a casa ficou  triste!
Mas as tias retomaram a vida, cada uma do seu jeito e a casa sempre tinha vida e movimento.
Aos poucos, as temporadas de casa vazia foram aumentando, as tias se adaptando  em outras cidades e a ideia de vender a casa foi a saída mais prudente.
E nunca se pensou que daria tanto trabalho, tanta papelada a providenciar, tanto baú a esvaziar, tantas lembranças despertadas por objetos de grande valor emocional, que serão guardados com carinho, fotos antigas, tantos sentimentos revirados... muito além dos móveis e utensílios da casa.
Amanhã, grande parte da família, depois de muitos percalços (rssss), vai assinar a venda da casa. E parte de nossas histórias vai ficar nas paredes daquela casa.
Mas o que realmente importa é o que vivemos lá e que se incorporou em nossas vidas como experiências, alegrias  e tristezas. E principalmente o exemplo de bondade, retidão, amor e justiça, esse legado, essa verdadeira herança que o Dindo e Dinda nos deixaram, ali, disponível para seguir, se assim quisermos, a cada escolha, a cada atitude de nossas vidas.

Eliana Valença

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