Padre Felício, 514... uma das
primeiras referências na nova cidade, vindos de Bagé, a família inteira cheia
de esperanças, sonhos e uma estrada pela frente.
E a casa da Dinda e Dindo foi
abrigando histórias, muitas costuras fazendo a moda, muito artesanato em lã,
tricô e crochê. E momentos inesquecíveis vivemos ali e lágrimas de saudade
derramamos quando eles, os avós (para nós sinônimo de dindos)se foram...
E ali virou a casa da tia e algum
tempo depois, das tias. Mais histórias, muito embelezamento feminino, unhas
impecáveis... e a família crescendo, se
desdobrando: filhos, netos, bisnetos...
E todos tem um pedacinho de suas
vidas contados nas paredes daquela casa.
Depois foi a vez da alegria e
meninice do amado “veinho” nos deixar... e a casa ficou triste!
Mas as tias retomaram a vida,
cada uma do seu jeito e a casa sempre tinha vida e movimento.
Aos poucos, as temporadas de casa
vazia foram aumentando, as tias se adaptando
em outras cidades e a ideia de vender a casa foi a saída mais prudente.
E nunca se pensou que daria tanto
trabalho, tanta papelada a providenciar, tanto baú a esvaziar, tantas
lembranças despertadas por objetos de grande valor emocional, que serão
guardados com carinho, fotos antigas, tantos sentimentos revirados... muito
além dos móveis e utensílios da casa.
Amanhã, grande parte da família,
depois de muitos percalços (rssss), vai assinar a venda da casa. E parte de
nossas histórias vai ficar nas paredes daquela casa.
Mas o que realmente importa é o
que vivemos lá e que se incorporou em nossas vidas como experiências, alegrias e tristezas. E principalmente o exemplo de
bondade, retidão, amor e justiça, esse legado, essa verdadeira herança que o
Dindo e Dinda nos deixaram, ali, disponível para seguir, se assim quisermos, a
cada escolha, a cada atitude de nossas vidas.
Eliana Valença