segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Inspiração

Sons, risos, músicas,cheiros e sensações que me levam a mundos distantes no tempo, mas muito perto na lembrança.
Os dias claros, ambientes amplos, o fogo a queimar e a energia da música a me embriagar...tudo tão presente que chego a ver as teclas do piano serem tocadas por dedos ágeis. Tudo tão presente e doce como o cheiro das flores. Mas como uma nuvem que passa, tudo passou a ser sombrio. O que aconteceu?
O piano ainda toca, mas não a melodia de antes e sim notas tristes. Fico sem entender aquelas tardes e a sentir saudade de outro tempo. O piano sente isso e também recorda e chora a música do passado. E as notas são cheias de amargura, de uma coisa ainda não vinda, mas pressentida.
Ah, novamente os presságios... Também isso já senti antes.
Me recolho e a chuva começa a rolar e pequenas gotas vão se unindo e formando grandes pingos que escorrem pela vidraça e logo viram pranto... O que aconteceu? O que está para acontecer?
Lembro com melancolia que é sempre assim. Mas olho meu artista e sei que a música um dia há de voltar.
O piano é fechado e sei que um dia ele voltará a inundar a sala com seu som.
A mim resta esperar, entender e aceitar seu silêncio, ainda que em mim a música viaje por dentro, até se alojar em um cantinho do pensamento, até que possa, com a volta do sol, sair e ecoar novamente pelos corredores do meu ser!
Eli Ana (28/06/00)

"Culpa" do Zeca Baleiro


"...nem quero ser estanque,
como quem constrói estradas e não anda.
Quero no escuro,
como um cego,
tatear estrelas distraidas! "

domingo, 5 de setembro de 2010

AVISO DE REUNIÃO


Data: sempre que houver lua;

Local: Paraiso (esteja ele onde estiver);

Horário: a hora que a pele arrepiar;

Pauta: O dom divino:-o que diz um olhar;

-papel do beijo;

-como tirar som de instrumentos, sem precisar tocá-los;

-como ouvir uma sinfonia.

Público alvo: só nós dois;

Preço: Amor (sem desconto, sem parcelamento);

Eli Ana

Fábula


Fábula


Com doçura de menino no oficio de encantar, ele chegou até mim...

Bateu em minha porta tendo nada nas mãos,

mas trazendo um livro de estórias debaixo do braço.

Entrou de mansinho e foi se alojando tímido, perto do fogo.

Abriu o livro e contou estórias, cantou versos e canções,

fez desenhos que encheram a sala de lindas fadas e duendes.

Um pedacinho da floresta passou a ali existir...

E eu então abri um baú e tirei de lá um grande livro empoeirado

e ficamos trocando estórias.

Anoiteceu e ele se foi,mas voltou no outro dia à mesma hora,

e no outro, e no outro...

Cada dia as estórias se enchiam de mais cores e odores!

E eu que sempre sonhei com um lugar que até então,

achava que só existisse em minha imaginação,

vi minha sala transformar-se naquele pedacinho de floresta,

que sempre sonhei,

com uma clareira, uma casa e a cadeira de balanço

com uma coberta de lã, me esperando lá naquela colina!

E quando me dei conta estávamos escrevendo essa estória

juntos...

Mas isso já é outra história...

Eli Ana (escrito em 30/06/00)