sábado, 30 de julho de 2011

Mario Quintana

O Idiota Desta Aldeia

Rechinam meus sapatos rua em fora
Tão leve estou que já nem sombra tenho
E há tantos anos de tão longe venho
Que nem me lembro de mais nada agora
Tinha um surrão todo de penas cheio
Um peso enorme para carregar
Porém as penas, quando o vento veio
Penas que eram, esvoaçaram no ar
Todo de Deus me iluminei então
Que os doutores sutis se escandalizem:
"Como é possível sem doutrinação?"
Mas entendem-me o céu e as criancinhas
E ao ver-me assim de um poste as andorinhas
"Olha, é o Idiota desta aldeia!" dizem.

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