segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Amoras silvestres


Minha casa
"É mais fácil cultuar os mortos que os vivos,
Mais fácil viver de sombras que de sóis
É mais fácil mimeografar o passado
Que imprimir o futuro,
Não quero ser triste
Como um poeta que envelhece
Lendo Maiakovski na loja de conveniência.
Não quero ser alegre
Como um cão que sai a passear
Com o seu dono alegre
Sob o sol de domingo,
Nem quero ser estanque,
Como quem constrói estradas e não anda,
Quero, no escuro,
Como um cego tatear estrelas distraídas.
Amoras silvestres no passeio público
Amores secretos debaixo dos guarda- chuvas
Tempestades que não param
Pára- raios quem não tem, mesmo que não venha o trem,
Não posso parar.
Vejo o mundo passar como passa
Uma escola de samba que atravessa,
Pergunto onde estão teus tamborins,
Sentado na porta de minha casa,
A mesma e única casa,
A casa onde eu sempre morei."
Zeca Baleiro

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