sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Quer brincar?(para o dia do irmão)

"Não me acho uma pessoa grave, desesperançosa do mundo, mas ao ler matutinamente o jornal ou assistir ao noticiário televisivo uma certa frustação com o mundo em que vivemos me toma que, ai, dor..! Epidemia global se desenhando por ali, violência barbarizando em sua truculência por acolá e, em todo lugar, a indústria da falcatruagem frutificando a todo vapor; tensão, ansiedade, competição rolando sempre! Não se trata mais de “problemas do outros”. No tempo em que estamos vivendo, os problemas do mundo parecem cada vez mais se tornarem também os nossos problemas. Dentro desse atual estado de coisas, haveria alguma coisa que poderíamos fazer – cada um de nós em seu exíguo espaço de atuação – para tentar abrandar, diminuir esse estado de coisas? O quê? Será que seremos continuamente dominados por um tal estado de impotência até finalmente jogarmos a toalha, irremediavelmente estraçalhados por dentro? Eu cá comigo penso que de alguma maneira temos de utopizar a vida. Um dos meus diques contra a desesperança é tentar poetizar a vida. A vida é muito bonita para deixarmos que se torne tão áspera e feia... Como a maioria das pessoas, ando buscando também uma minha receita pessoal de vida e uma das coisas que mais me dá animosidade e verdadeira alegria é sempre começar o dia lendo um poema, tocando um choro no bandolim, dançando uma música, escrevendo um texto... Essa a minha dose diária de busca de equilíbrio interior. Procedendo assim, logo cedinho quando o dia está se abrindo, é como se eu bebesse minha dose diária de isotônico para o corpo-espírito-mente-sei-lá-mais-o quê, ganhando nessa beberragem alguns anticorpos para enfrentar o que a vida vai me atarefar durante as horas seguintes. As pessoas hão de dizer: você faz isso porque é artista e tem tempo para cultivar essas coisas. Isso em parte é verdade, sim. Mas só em parte. Porque mesmo para um artista o mundo está excessivamente escravizador e no meu caso se eu não cavasse para mim esse tempo diário, matinal, ele de jeito nenhum que cairia de algum lugar. Como estamos cansados de ouvir falar, se nós não fizermos certas escolhas no modo de viver e tentar saborear a vida, essas escolhas serão feitas à revelia de nós. E aí?
Aí que brincar é preci(o)so."

Antonio Nóbrega
 Meu homenagem hoje no "Dia do Irmão" para aqueles com quem aprendemos a brincar e  para nós, em especial, que quando estamos juntos nunca esquecemos de brincar!
Eliana

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